domingo, 7 de agosto de 2011

E se eu pedir com jeitinho, você...

me abraça?
deita do meu lado?
faz graça?
fica despreocupado?

cuida de mim?
sente minha falta?
não pensa no fim?
ri em voz alta?

chora comigo?
vem para cá?
diz o que eu digo?
me faz um chá?

me dá uma bronca?
aceita desculpa?
finge que ronca?
me leva pra Lua?

me faz rir?
caminha ao meu lado?
me põe pra dormir?
fica acordado?

me faz cafuné?
vem me buscar?
me beija de pé?
pode me ligar?

liga a água quente?
me cobre e me esquenta?
me ensina a ser gente?
jura que me aguenta?

acorda bem cedo?
me dá uma flor?
segura meu dedo?
me enche de amor?

me leva ao cinema?
me espera em casa?
resolve o problema?
fecha sua asa?

me dá um colher?
me dá um gole d'água?
me diz o que quer?
seca minha lágrima?

me abraça de novo?
me dá mais um beijo?
diz que me ama?
dispensa a última rima?

sábado, 6 de agosto de 2011

Teu silêncio

Eu costumava ter medo do teu silêncio. Parecias calar a voz de uma forma natural e segura, enquanto por trás do meu silêncio-resposta havia uma infinitude de perguntas, inseguranças e teorias. Teu silêncio era incômodo. Eu ficava me perguntando se havia algo não-dito e se tua intenção era dizê-lo ou se eu precisaria continuar imaginando. Imaginava se tinhas algum segredo para me contar, se tinhas medo de me dizer algo, ou se tinhas alguma pergunta a fazer e imaginava também por que não fazias nada disso. Cheguei a achar ser falta de confiança tua e depois percebi que quem não confiava em mim era eu mesma. Não confiava em minha capacidade de te fazer feliz, não me considerava capaz de te fazer sentir seguro, não me achava digna de tanta atenção...
Hoje fico feliz com nossos silêncios. É aí que consta a verdadeira intimidade, é aí que consta o real sentimento de confiança. Hoje sei que, quando te calas, é porque não fazes questão de quebrar o silêncio, já não incômodo; é porque te sentes confortável de tal forma a crer na minha segurança quando ouço teu silêncio-resposta. Não busco agitar o ar acima de nós com ondas sonoras de perguntas desnecessárias, ao mesmo tempo que não evito fazê-lo quando intento a comentar, perguntar, compartilhar. Deitada ao teu lado, sentada atrás de ti, agachada por cima de teu corpo, recolhida dentro de teus braços e até mesmo aconchegada em teu silêncio.
E quando te silencias de forma rude ou magoada, sei que o fazes por me saber capaz de decifrar teu olhos gritantes e teu corpo expressivo. Por mais que me doa, lembro-me de antes, quando qualquer breve pausa era mais barulhenta dentro de mim do que teu som eletrônico berrante.
Obrigada por confiar em mim o suficiente para fazer silêncio.
E mesmo tendo escrito apenas sobre o silêncio, obrigada pelas palavras. Por todas elas.
Inclusive pelas três tradicionais.

Garantia

Certas palavras atuam sobre você de um modo diferente de como atuam sobre mim. Nada me garante que, quando me dizes isso, há em seu dizer a imensidão existente na minha receptividade para ouvir aquilo que tanto gosto. Mas sei que, para proferi-las, deve haver um pensamento a precedê-las que diz respeito ao seu bem-querer por mim, ou que te faz ponderar sobre o quanto importamos um para o outro. E mesmo sua definição não equivalendo à minha, a certeza da sinceridade em questão me tranquiliza.

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Simultaneidade

Ambos atuavam em sincronia.
Enquanto ela apagava as velas de seu aniversário,
o tempo apagava as lembranças de sua vida.

Surreal

Vendo de dentro, eu achei inacreditável. Surreal mesmo. E só uma pessoa poderia ser a causa de tamanho absurdo: o salvador daquele lugar. O Salvador Dalí.