a dormência me entrega.
me entrego à dormência.
a dormência de meus dedos
escrevendo sem parar
palavras sem pensar.
a dormência de minhas pernas
dobradas há muito
numa posição que não é confortável o bastante
nem importante o suficiente
a ponto de querer mudá-la.
a dormência de meus olhos
que, num piscar imperceptível,
não cedem ao cansaço
mesmo ligados neste papel,
servindo de elo entre o mesmo
e o mundo aqui fora.
a dormência
de uma dor no coração.
a dormência
de uma dor na mente
que não mente
da dor que se sente.
a dor me entrega.
eu me entrego à dor.
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