na melodia do canário, a tristeza
era consequente da sua incerteza
se iria ou não poder um dia voar.
apreciavam-lhe os humanos seu belo canto
mas não viam, iludidos, o constante pranto
que seus olhos pequenos faziam escoar.
via outras aves passando pela janela
e emocionava-se sempre ao sentir tão singela
brisa que às vezes entrava pela cortina.
quando a mãe de sua dona foi trocar o alpiste
viu o canário caído e ficou muito triste
pela morte precoce do bichinho da menina.
abriu, então, a portinha da gaiola
pensando consigo "o tempo consola"
para tirar o corpinho d'ali de dentro.
antes mesmo que pusesse sua mão
o corpo jazindo ali até então
quase a fez, de susto, sair correndo.
o canário, num repente, saiu voando
e ela não entendeu que era só um plano
de alguém que ansiava a própria vida.
o bichinho, esperto, fingiu-se de morto
conforme aprendeu com um nobre cachorro
que morava ao lado com uma vizinha inxerida.
ouviu-se a partir daquele dia, finalmente,
a real beleza, que é a do cantar contente
de um passarinho bonito e bastante sonhador.
passou a comer frutas, ver o sol nascer
beber água do lago e de gato correr
com sombra, água fresca e um bocado de amor.
ensinou a seus amigos sobre a perseverança
que lutassem pelos sonhos de quando criança
pois há certas coisas merecidas de verdade.
narrou com calma sua história e contou
da sensação indescritível ao levantar vôo
e da beleza presente em se ter liberdade.
conheceu, pouco depois, uma canarinha engraçada
que, ao ouvir sua trajetória, ficou encantada
e disseram um ao outro "te amo e te quero"
apaixonados, felizes e com muita leveza
aprenderam, juntos, a importância da natureza
e de ter dentro de si um Amor bem sincero.
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