sábado, 29 de maio de 2010
Antítese
Acordei com a luz do sol. Olhando pelas frestas da cortina, resolvi que seria conveniente abrir a janela. Tudo no meu jardim brilhava, quase parecendo ouro. A harmonia entre as plantas e os animais era tão intensa que pensei se tratar um sonho. Apoiada no parapeito, reconheci a tal borboleta. Ela se aproximou, deu três loopings no ar e pousou ao lado do meu dedo. Resolvi não me arriscar; sabia que qualquer movimento precipitado a faria fugir. Deitei-me novamente na cama e fiquei a observar aquele inseto tão belo e ao mesmo tempo tão delicado... Fechei os olhos e me vi abraçada com você, sentindo seu cheiro e acompanhando seu batimento cardíaco. E, de repente, meus ouvidos captaram um ruído: barulho de chuva, sem dúvida. Do nada? Tudo tão perfeito e chega a chuva do nada? Estranhei e, vendo que a borboleta estava sendo atingida pelos respingos, concluí que seria melhor tirá-la dali. Por impulso levantei-me rapidamente e talvez isso a tenha assutado. O susto fez com que ela decolasse. Voou e pousou na parede da frente, uma distância de, aproximadamente, 1,50 m. Esperei alguns instantes na expectativa de que ela retornasse para proteger-se da chuva mas lá ficou. Então, fechei a janela. Deitei mais uma vez na cama e fiquei ouvindo o barulho das gotas caindo no chão. Ficavam cada vez mais fortes e altos e logo vi que era uma tempestade. O melhor que tinha a fazer era esperar passar. Esperei. Esperei. Esperei. A borboleta não saía de minha mente. E em questão de minutos fez-se silêncio novamente. Ainda escutava algumas gotas que provavelmente caíam da telha e batiam no ar-condicionado. Mas não contive a ansiedade e abri a janela à procura da borboleta. Lá estava ela, intacta, mexendo as asas sem sair do lugar. Olhando cuidadosamente notei que uma de suas asas estava rasgada na ponta. O que eu realmente queria era capturá-la para que ela tivesse os devidos cuidados. Ao alcance da mão e ao mesmo tempo tão distante... Passara a tempestade, mas por que o Sol insistia em não aparecer?
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