quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Confusão

No calor do lençol
com nossos pés enroscados,
confundo-me entre dois:
um deles sou eu

e o outro também.

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Uma homenagem que não cabe a mim

Meu amor!
uma flor, uma nuvem,
uma concha, uma estrela,
uma gota de água da chuva,
um grão de areia,
uma gota de água do mar,
um grão de terra,
uma gota de água do rio,
um grão de poeira,
uma gota de água de lágrima,
um grão de amor.

o que houver de mais belo e puro na natureza
homenageia nosso amor, de inenarrável beleza!
e eu, humildemente, só tenho os dois últimos pra oferecer...

domingo, 18 de dezembro de 2011



 Meu anjinho,
sei que você não vai acessar meu blog e sei também que não vou ler isso daqui para você... Mas eu não quero ter que esperar você chegar no fim da sua (longa!) vida para te escrever alguma coisa. É que agora eu estou longe, sabe? Então eu fico olhando para as suas fotos e me dá muita saudade de te apertar inteiro e você fazer aquele barulhinho rosnando baixinho como quem diz "chega...". Agora que a gente não está na mesma casa me dá muita saudade de te ver durante o meu dia inteiro e eu queria te pedir desculpas por não estar tão presente na sua vida, tá? Você tá ficando grisalho e fica mais quietinho... Sabe, eu realmente acho que você sinta todas essas mudanças (você sabe do que eu estou falando) e eu também sinto. Agora a gente tem uma irmã mais nova que você e eu queria te pedir para ter paciência com ela. E eu sei que você tem! A Bia é picurrucha ainda, você já foi também...
Lembra que você nasceu cabeçudo? Seu lindo! Acho tão encantador seu jeito calmo de ser... Confesso que sinto falta de caminhar com você na praia, mas é tudo questão de fase.
Pingo, Pingão, Pingostoso, Pingolingo, Pingolindo, Pingo Alberto, José Pingo, Pingo José (...),
eu queria te agradecer por ter crescido ao meu lado, por ter ido comigo à praia, por ter dormido comigo na cama várias e várias noites, por não ter destruído o Balto e por ter destruído minhas Barbies...

É um Pingo até grande pro nome
mas o Amor não é só um Pingo;
é uma chuva inteira!

Seu olho brilha aqui na Terra e, quando chegar a hora, vai brilhar sua estrela lá no céu.
Fica relaxado aí, meu gostoso, que eu volto já, já!


Um beijo cheio de amor de alguém que está sentindo saudade da sua lambida,
sua irmã mais nova/mais velha!

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

exclama pergunta pergunta

o mundo tá girando de uma forma estranha!
será que mudou de direção?
ou sou eu que estou andando na contra-mão?

a luz do fim do túnel não tá chegando...
será que engoliram toda a luz do mundo?
ou fui eu que caí muito fundo?

o passarinho não canta, agora grita!
será que ele está com medo de altura?
ou é a minha sensibilidade que está dura?

o vento parece que parou de dançar!
será que está de luto pelas árvores mortas?
ou são minhas estradas que estão muito tortas?

a água da chuva agora tem cor de sangue!
será que está havendo uma guerra?
ou sou eu no lugar errado da Terra?

o brilho do meu olho agora ofuscou...
será que é alguma doença que pega?
ou fui que de vez fiquei cega?

domingo, 11 de dezembro de 2011

Oops!...

Quando, pela manhã, cada um se arrumava para ir ao respectivo trabalho, o casal tinha um combinado: a cor da sombra nos olhos da moça seria a mesma da gravata dele, escolhida a partir da calcinha que ela usava no dia (calcinha esta sempre de acordo com a cor da camisinha usada por eles na noite anterior).
Ria consigo mesma quando as amigas de trabalho perguntavam porque ela tinha ido sem a sombra...

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Um passarinho me contou

na melodia do canário, a tristeza
era consequente da sua incerteza
se iria ou não poder um dia voar.

apreciavam-lhe os humanos seu belo canto
mas não viam, iludidos, o constante pranto
que seus olhos pequenos faziam escoar.

via outras aves passando pela janela
e emocionava-se sempre ao sentir tão singela
brisa que às vezes entrava pela cortina.

quando a mãe de sua dona foi trocar o alpiste
viu o canário caído e ficou muito triste
pela morte precoce do bichinho da menina.

abriu, então, a portinha da gaiola
pensando consigo "o tempo consola"
para tirar o corpinho d'ali de dentro.

antes mesmo que pusesse sua mão
o corpo jazindo ali até então
quase a fez, de susto, sair correndo.

o canário, num repente, saiu voando
e ela não entendeu que era só um plano
de alguém que ansiava a própria vida.

o bichinho, esperto, fingiu-se de morto
conforme aprendeu com um nobre cachorro
que morava ao lado com uma vizinha inxerida.

ouviu-se a partir daquele dia, finalmente,
a real beleza, que é a do cantar contente
de um passarinho bonito e bastante sonhador.

passou a comer frutas, ver o sol nascer
beber água do lago e de gato correr
com sombra, água fresca e um bocado de amor.

ensinou a seus amigos sobre a perseverança
que lutassem pelos sonhos de quando criança
pois há certas coisas merecidas de verdade.

narrou com calma sua história e contou
da sensação indescritível ao levantar vôo
e da beleza presente em se ter liberdade.

conheceu, pouco depois, uma canarinha engraçada
que, ao ouvir sua trajetória, ficou encantada
e disseram um ao outro "te amo e te quero"

apaixonados, felizes e com muita leveza
aprenderam, juntos, a importância da natureza
e de ter dentro de si um Amor bem sincero.

terça-feira, 22 de novembro de 2011

Guardei

Você me pediu para guardar as poesias que fiz para você. Todas elas. E eu peguei uma por uma e coloquei dentro de uma caixa na gaveta. Li atenciosamente cada palavra e quase me perdi na imensidão em que estava inserida, me senti fora de mim mesma. Fechei a caixa com muito cuidado mas ainda conseguia ouvir todas as letras e sílabas gritando, esperneando. As vozes eram a minha e a sua, tinha também a de alguém que sabe sobre nós aquilo que nós também sabemos mas fingimos não saber. E olha que nosso fingimento não é de propósito. Aos poucos, entendi o método para fazê-las se calarem e hoje em dia não escuto vozes. Não essas.

Você me pediu para guardar os beijos que queria te dar. Todos eles. E eu me contive; segurei cada beijo dentro da minha boca, senti meus lábios secarem, senti minha gengiva quase sangrar e praticamente morri asfixiada por causa da quantidade enorme de beijos tampando minha glote. Os eufóricos com a sua presença, os saudosos com a tua ausência, os tristes com as minhas lembranças e os felizes com as nossas . Todos esses beijos ficaram guardados em minhas papilas gustativas e, aos poucos, aprendi - por necessidade - a engoli-los. Meu organismo aprendeu a absorvê-los e, de vez em quando, sinto uns choques em minhas veias sanguíneas.

Você me pediu para guardar os abraços que queria te dar. Todos eles. Eu me congelei; mantive dentro de mim a energia e busquei fechar meus olhos para não te passar minha sensações que seriam transmitidas pelos abraços. Percebi que você se assustaria com elas. Achava que meus braços tremiam, mas quem realmente tremia era minha alma. Ela estava começando a congelar também, da mesma forma que eu fiz com meu corpo, mas era pela falta do seu calor. Todos os abraços realizaram trabalho gerando energia e depois outro trabalho transformando-a. Eu precisei aprender a me contentar com o abraço de outras pessoas. Mas são só outras pessoas...

Você me pediu para guardar minhas palavras. TODAS elas. Te confesso que não guardei todas; isso seria impossível. Mas as mais relevantes eu retive. Não sei bem onde... acho que as engoli junto com os beijos. Mas, ao invés do estômago ou qualquer outra etapa do meu processo digestivo, elas iam para a cabeça. Ficavam ecoando, circulando de corredor em corredor como se minha mente fosse um labirinto. Algumas voltavam tão convictas de si mesmas que eu até me perguntava se as tinha dito ou não. Tive que aprender a internalizar o silêncio que eu pronunciava. Pena que você não conseguiu ouvi-lo direito...

Você me pediu para guardar minhas lágrimas.
Nunca mais me peça isso.

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Inspira, resp/... Acabou o tempo! Volta!

Escrevo para nós
num breve momento de respiração;

tão rápida, tão duradoura
tão estranha, não é?

Assustadora, sim; concordo contigo!
Mas não olhe para trás,
não tenha medo de olhar para frente,
olhe para o lado e verá seu reflexo comigo.

Não! Não! Não o roubei!
Ele apenas não sai da minha pele
Sua imagem não sai do meu nariz
Seu cheiro não sai da minha boca
Seu gosto não sai dos meus ouvidos
Ah, sinestesia!
É que você me confunde
me entende e me faz entender.

Eita, diacho, quanta coisa!





Vem?...

Zucazul da cor do mar

O que realmente machuca é
A sensação do ciclo interrompido
E o olhar, nunca antes tão perdido,
Vê teus olhos entre o céu e a maré.

O sentimento assustado
Ressalta a imagem marcante
Por mais que a perda espante,
Submete-se ao teu legado.

Apesar da vida breve
E do corpo ainda leve
Teu olho azul não engana:

Faz ver que não à toa
Tua alma, pura e boa
Não veio na forma humana.

sábado, 12 de novembro de 2011

estrada

me dê sua mão
a gente segue daqui
na mesma estrada
ainda lado a lado
side by side by side by side by side,
certo?
 
apenas outra caminhada
mas ainda juntos
com todos os planos
guerras que enfrentamos
nossa nação permaneceu
nossos inimigos enfraqueceram
hoje somos fortes como nunca.

as cicatrizes apenas marcam
tudo o que foi e ainda será
sem perder, sempre ganhando
adicionando,
acrescentando.

uma marcha,
soldado.

por tudo o que somos e não somos
por tudo o que quisermos
por tudo o que quisemos
ainda queremos ser um.
e somos.

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Trabalho de Inglês


HEY, MR. GOD, COULD YOU DO ME A FAVOR?

Sometimes at night, when I’m lying in my bed
I think about my childhood and I really miss my Dad
I don’t have him anymore to make me forget about my fears
And I also wish he was still here so he would dry all of my tears.

He was the best friend I could have ever had
And I know he’ll be by my side, as he always said
Mom says now he’s feeling better in Heaven
But I’m still sad, because I don’t see him since I’m seven

He used to say that I look like a butterfly
And when I see one of it, I try hard not to cry
Sometimes I ask God why he took him so early
But God never answers me (and people still say he’s lovely!)

Now I wish he was right, I wish I was a butterfly
Or, at least, become one, so I would be able to fly high
I really wish I could fly and magically appear and disappear
So, in a blink of an eye, I’d fly far away from here

I don’t think I’m asking for much; I don’t want to be a millionaire
And if God gave me a lot of money I would really like to share
But I’m not asking for that; there’s only one thing I’d like to do
If I could meet my Dad again, I would tell him ‘I love you’.

Opacidade

Não reconheço mais teu caminho
Tenho tentado fortalecer minha asa
E agora, que arde o fogo em brasa
Só o que quero é levantar vôo do ninho

Estás imersa em oceano profundo,
Cega pela força da autodefesa
Não vês a luz e não estás ilesa
Estás basicamente fechada do mundo

Tento dizer-te por gestos e olhares
A real dimensão de todos os meus pesares
Sempre que ouço tua voz lançar faca

Busco agora ser imparcial
Dizem que o tempo nunca faz mal
Mas o meu medo é que fiques opaca

terça-feira, 13 de setembro de 2011

Te chamo

Você me cobre, me dá um beijo na testa, manda eu ir tomar banho, faz chá quando estou doente, fala para eu comer tudo, não me deixa comer doce antes da refeição, me ajuda no dever de casa e, nessas horas, eu te chamo de pai.
Você me diverte, implica comigo, me faz cosquinha, ouve sua música alta, não quer tirar do canal de luta, quer tomar banho primeiro, me critica de implicância, ri de mim, divide o docinho comigo e é nessas vezes que te chamo de irmão.
Você me confessa seus medos, eu te conto os meus, ajudamos um ao outro, compartilhamos segredos, temos sempre um abraço, um colo ou um ombro para emprestar, as palavras sempre ajudam e, então, eu te chamo de amigo.
Mas, em qualquer um desses momentos, em posso te chamar de amor. De meu amor.

O quê e como

A questão não é só o que ele faz. Mas como ele o faz. Ele me beija? E muito. Mas eu só gosto quando segura meu rosto em suas mãos ternamente e me beija com sinceridade. Não precisa ser aquilo piegas, mas olhar nos olhos estabelece um outro tipo de contato, que não só carnal. O beijo automático, na quantidade que for, não me agrada. Ele segura minha mão? Sim, constantemente. Mas confesso que me faz sentir mais querida quando ele dá aquela ajeitada para que as mãos estejam bem seguradas uma na outra e que o laço esteja dado, efetivamente. Segurar só pelo hábito, por melhor que seja, não é a mesma coisa. Me abraça? Positivo, em vários momentos do dia. Mas só é revitalizante aquele abraço bem apertado, sem objetivo de ser forte, mas de ser intenso. Ou aquele abraço protetor, ou o abraço grato. Mas o abraço só pelo gesto não conta. Pronuncia meu nome? Inúmeras vezes. E tem o hábito de fazê-lo sempre por um motivo bom, com carinho, com respeito, com admiração. Ele cuida de mim? Claro! E eu nem preciso pedir. Me manda colocar a meia, fala para eu escovar os dentes, me diz para colocar um casaco, me manda ir dormir cedo. Faz isso num tom preocupado e carinhoso, importando-se com meu bem-estar.
Sintetizando, ele é... foda.

pseudo-despedida

Emudeci minha voz
e parei meu coração
um vazio na imensidão
é só que há de restar em vós
Mas, independente do futuro,
eu continuarei ao teu lado
Quero ouvir de ti um feliz brado
quando me vires, ainda que no escuro

E mesmo com este ato de impulso
e teu coração batendo avulso
quero te deixar com uma certeza:

Aquilo que achas que termina agora,
como já te dissera outrora,
continua com ainda mais pureza.

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

mala

caiu por cima de mim
suspiramos juntos
levantou e eu, sem entender
fiquei olhando.
abriu o zíper da minha mala
começou a jogar as roupas todas pelo quarto
você não foi
eu não tinha ido
ainda estava aqui
e você não vai
realmente, arrumei a mala
mas foi impulso...
é, acho que ainda vou ficar um bom tempo

domingo, 7 de agosto de 2011

E se eu pedir com jeitinho, você...

me abraça?
deita do meu lado?
faz graça?
fica despreocupado?

cuida de mim?
sente minha falta?
não pensa no fim?
ri em voz alta?

chora comigo?
vem para cá?
diz o que eu digo?
me faz um chá?

me dá uma bronca?
aceita desculpa?
finge que ronca?
me leva pra Lua?

me faz rir?
caminha ao meu lado?
me põe pra dormir?
fica acordado?

me faz cafuné?
vem me buscar?
me beija de pé?
pode me ligar?

liga a água quente?
me cobre e me esquenta?
me ensina a ser gente?
jura que me aguenta?

acorda bem cedo?
me dá uma flor?
segura meu dedo?
me enche de amor?

me leva ao cinema?
me espera em casa?
resolve o problema?
fecha sua asa?

me dá um colher?
me dá um gole d'água?
me diz o que quer?
seca minha lágrima?

me abraça de novo?
me dá mais um beijo?
diz que me ama?
dispensa a última rima?

sábado, 6 de agosto de 2011

Teu silêncio

Eu costumava ter medo do teu silêncio. Parecias calar a voz de uma forma natural e segura, enquanto por trás do meu silêncio-resposta havia uma infinitude de perguntas, inseguranças e teorias. Teu silêncio era incômodo. Eu ficava me perguntando se havia algo não-dito e se tua intenção era dizê-lo ou se eu precisaria continuar imaginando. Imaginava se tinhas algum segredo para me contar, se tinhas medo de me dizer algo, ou se tinhas alguma pergunta a fazer e imaginava também por que não fazias nada disso. Cheguei a achar ser falta de confiança tua e depois percebi que quem não confiava em mim era eu mesma. Não confiava em minha capacidade de te fazer feliz, não me considerava capaz de te fazer sentir seguro, não me achava digna de tanta atenção...
Hoje fico feliz com nossos silêncios. É aí que consta a verdadeira intimidade, é aí que consta o real sentimento de confiança. Hoje sei que, quando te calas, é porque não fazes questão de quebrar o silêncio, já não incômodo; é porque te sentes confortável de tal forma a crer na minha segurança quando ouço teu silêncio-resposta. Não busco agitar o ar acima de nós com ondas sonoras de perguntas desnecessárias, ao mesmo tempo que não evito fazê-lo quando intento a comentar, perguntar, compartilhar. Deitada ao teu lado, sentada atrás de ti, agachada por cima de teu corpo, recolhida dentro de teus braços e até mesmo aconchegada em teu silêncio.
E quando te silencias de forma rude ou magoada, sei que o fazes por me saber capaz de decifrar teu olhos gritantes e teu corpo expressivo. Por mais que me doa, lembro-me de antes, quando qualquer breve pausa era mais barulhenta dentro de mim do que teu som eletrônico berrante.
Obrigada por confiar em mim o suficiente para fazer silêncio.
E mesmo tendo escrito apenas sobre o silêncio, obrigada pelas palavras. Por todas elas.
Inclusive pelas três tradicionais.

Garantia

Certas palavras atuam sobre você de um modo diferente de como atuam sobre mim. Nada me garante que, quando me dizes isso, há em seu dizer a imensidão existente na minha receptividade para ouvir aquilo que tanto gosto. Mas sei que, para proferi-las, deve haver um pensamento a precedê-las que diz respeito ao seu bem-querer por mim, ou que te faz ponderar sobre o quanto importamos um para o outro. E mesmo sua definição não equivalendo à minha, a certeza da sinceridade em questão me tranquiliza.

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Simultaneidade

Ambos atuavam em sincronia.
Enquanto ela apagava as velas de seu aniversário,
o tempo apagava as lembranças de sua vida.

Surreal

Vendo de dentro, eu achei inacreditável. Surreal mesmo. E só uma pessoa poderia ser a causa de tamanho absurdo: o salvador daquele lugar. O Salvador Dalí.

sábado, 23 de julho de 2011

/tenho andado

tenho andado numa só direção
sigo em frente e não ligo para os buracos da calçada
atravesso a rua sem olhar para os lados
o céu sobre minha cabeça parece sugar tudo quanto é ideia
grito por elas em minha mente
e elas parecem não querer voltar
continuo andando em frente e o céu ainda é cinza
ali em frente naquele rio
corre uma água gelada que não me desperta
me pergunto se ele leva a algum lugar diferente daqui
me pergunto se ele me leva para casa
quero voltar para casa
ei, rio, me leva para casa, por favor?
todos aqui são estranhos
mas lembro do que ela disse:
eu tenho que crescer
tenho que me desprender
tenho que cuidar de mim
sem esperar que os outros façam isso em meu lugar
mas será que aquele rio não pode me levar para casa?

quinta-feira, 30 de junho de 2011

O cão tinha fome

Entrou.
O amarelo predominante do quadro acima da cama já havia desbotado. A essa altura combinava mais com o tom envelhecido das páginas de caderno sob a mesa de cabeceira. A persiana deixara de ser branca devido à poeira. Sobre a cama viu seu cachorro de pelúcia. Sentiu dor ao perceber que pedia ajuda. Seus olhos negros ainda estavam cobertor pelo excedente de pêlo e quase choravam de saudade. Ela o havia abandonado. Os títulos dos livros na estante próxima ao armário estavam ilegíveis. Alguns haviam caído e um deles cobria sua pantufa. Ao olhar no armário, pude imaginar as roupas em seu corpo. Chegando mais perto, pôde sentir seu cheiro. Ainda estava forte. Era um cheiro marcante. Fechou os olhos por um momento e desejou poder voltar alguns anos, ainda que por um segundo. Tudo aquilo fazia falta. Há algum tempo não ouvia sua voz. Só então percebeu que este tempo tornara-se grande o suficiente para que derramasse uma lágrima. A primeira desde a mudança oficial. Fechou os olhos novamente e, por um breve momento, sentiu alguém beijando-lhe o rosto. Sabia que estavam juntas. Ainda com dor, virou-se para trás e o cão parecia mais sofrido do que poderia imaginar. Preso à condição de pelúcia, sentiu o tempo passar, sem que pudesse se manifestar. Pegou o bicho no colo e apertou com força. O cheiro dela era ainda mais forte.
E saiu.

domingo, 26 de junho de 2011

Lá em cima

Lá de cima das nuvens
vi o céu mais estrelado
vi um mundo diferente.
Abaixo de mim muita luz
e, acima, estrela cadente.

Lá de cima das nuvens
vi o sol ir embora
para voltar depois de algumas horas
pelo lado oposto.
Senti o sol aparecendo
e demorou para esquentar mais do que pensei.
Como um carro a álcool
ou um sentimento recém-plantado.

Lá de cima das nuvens
vi o cheiro do sereno
enquanto ouvia o gosto das maçãs
vi a gaivota lá longe
e vi um papel voar sem rumo.

Vi as luzes oscilando
e algumas se movimentando,
vi meu amor instrumentando.

Vi o silêncio da paz que reina lá em cima
vi o fogo ser reacendido
daquilo que parecia inresgatável
como um amor quase vencido
depois de muitos anos louvável.

Vi que o homem deixa sua marca no mundo
Como o fogo que vira cinzas
Ou areia que suja os pés
Vi que a natureza é soberana a nós
Vi a lua brilhar contente
Mesmo quando o fogo do sol já queimava a gente.

Vi como é bom dormir na pedra
E vi como nada se perde
Cantei músicas que achei ter esquecido
E vi que não esquecemos
daquilo que realmente gostamos

Porque lá em cima é um mundo diferente.

Araras, 25 de junho de 2011

sábado, 18 de junho de 2011

dez regras para Seres humano.

por Cherie Carter-Scott

1- Você vai receber um corpo. Pode gostar ou amar, mas é seu e deve mantê-lo o período inteiro.

2- Você vai aprender. Você se encontra em uma escola de horário integral chamada Vida.
3- Não existem erros, apenas lições. Crescimento é um processo de tentativas, erros e experimentações. As tentativas "falhas" fazem parte do processo tanto quanto as que, teoricamente, "dão certo".
4- Lições são repetidas até que você as aprenda. Elas vão se apresentar para você em diversas formas até que aprenda. Depois de aprendê-las, pode ir para a próxima lição.
5- Lições de aprendizagem não acabam. Não há um momento de sua vida onde não haverá lições; se você está vivo, é porque ainda há lições a serem aprendidas.
6- não é melhor do que aqui. Quando o seu se tornar aqui, você simplesmente encontrará outro que se tornará melhor do que aqui.
7- Outras pessoas são meramente espelhos seus. Você não pode amar ou odiar algo em alguém a não ser que reflita algo que você ama ou odeia em si mesmo.
8- O que você vai fazer da sua vida está em suas mãos. Você possui todas as ferramentas e recursos que precisa; o que vai fazer com eles só cabe a você decidir. A escolha é sua.
9- As respostas estão dentro de você. As respostas às perguntas da vida estão dentro de você. Tudo que precisa fazer é olhar, ouvir e confiar.
10- Você esquecerá de tudo isso e terá que aprender quando estiver na Vida.

sexta-feira, 17 de junho de 2011

t.s.m.

AMOR MAIOR DO MUNDO!!!!

segunda-feira, 13 de junho de 2011

O medo

A corda estava colada em meu corpo, contornando meu perímetro por completo. Quanto mais eu ouvia, menos eu pensava, mais eu sentia e menos respirava. Ela desfez o contorno e se dirigiu em "movimento-geleira" até minha boca. Quando vi, já estava amordaçada e aquilo me impediu de falar. Antes que pudesse tomar medidas para mudar a situação, a corda já estava em meu pescoço e, circulando, meu desespero só apertava mais a corda, que me deixava mais desesperada, apertando-a ainda mais e etc. Até que seus braços me convidaram e pude senti-la desafrouxando e voltei a respirar mas, dessa vez, entre soluços.

sexta-feira, 10 de junho de 2011

Memória seletiva

Sobre a mesa o colar vermelho enroscado numa xícara de chá cheia até a metade, antes de tudo desabar, antes da porta ser destruída e nos deixar desprotegidos, antes também da enchente nos abalar e até mesmo antes da goteira ter início.

Ainda sinto o gosto do chá.

/vi o céu

vi o céu adormecer,
enquanto o sol se despedia,
selando com o mar um beijo demorado
em um degradê incomum.

a lua, prateada, surgiu por trás
banhando o oceano com seu manto de luz
e cobriu o esperado breu da noite
com seu pano de seda suave e invisível.

terça-feira, 31 de maio de 2011

-ança

a mud-
da d-
muda a cri-
que d-
comemorando a mud-

segunda-feira, 9 de maio de 2011

/nada mais

Nada mais nosso do que nós.
Nada mais eu do que você.
Nada mais seu do que eu.
Nada mais nosso.

/acomodado

Acomodado na prisão de suas lembranças, não teve forças para abrir a porta quando o futuro tocou a campainha.

Quase

Ao ver os carros lá embaixo, percebeu a imensidão sob seus pés e a infinitude sobre sua cabeça. Saiu do para-peito, riu de sua quase-tolice, e desceu de escadas para saborear a virtude da jovialidade.

Contente que estava, não reparou no sinal aberto.
Ainda ria por ter driblado a morte quando o ônibus não conseguiu frear.

quinta-feira, 5 de maio de 2011

Aconteceu

a janela abriu
o livro caiu

o cachorro olhou
abanou o rabo
derrubou o copo
molhou meu dever
corri para secá-lo
escorreguei na poça
caí no chão
gritei 'merda'
e meu cachorro pareceu rir.
safado.

Harmonia

a melodia do dedilhado de seu violão
combina com meu sorriso abobado
que se encaixa perfeitamente em sua voz rouca
que é o par perfeito da minha mão comprida de unhas cortadas
que ficam bem ao lado das suas unhas roídas
que fazem parte da mão
que dedilha o violão.

É, a gente combina.

quarta-feira, 4 de maio de 2011

Ter

dia após dia
tenho cada vez menos
do pouco que me resta
de algo que nunca tive.

terça-feira, 19 de abril de 2011

menina nina

marina menina
hoje completa anos
sonha com seu futuro
viagens e outros planos.

marina morena
e seus tantos amores
dentro de ti, tão pequena
cabem dores e flores.

marina margarida,
sei que há de lembrar
que sua Flor mais querida
hoje no céu vai brilhar.

vai cantar com alegria
doce canção de amor
embalar os teus sonhos
com carinho e louvor.

marina sorridente
do sorriso espontâneo
com olhar que traduz
sentimento momentâneo.

marina, já diz o nome
é a que veio do mar
o cabelo denuncia:
deve ser de Iemanjá!

marina que escreve
com espantosa emoção
e a sinceridade já serve
pra ver teu coração.

menina nina, querida
do fundo do coração
aproveite seu dia
com muita diversão!

desejo que esta data,
seja de pura felicidade
pr'aquela que surpreende
pela maturidade.

siga a vida lembrando
da importância do Amor
vindo dos poucos e bons
que amenizam tua dor...

quando achar que já deu,
não se canse de lutar:
apenas abra a janela
E DEIXE O SOL ENTRAR!

conforme

deito ao teu lado, meu anjo
e todo dia agradeço
por essa imensidão de amor
que não sei se mereço

do jeito que és,
já me fazes feliz
nunca pensei em receita
mas veio bem como eu quis

tenho um amigo irmão
companheiro namorado
independente do caminho
seguiremos lado a lado

teu olhar sempre sincero
denuncia constantemente
o doce homem que se forma
nessa criança inocente

a inocência cativa
de forma inesquestionável
mas não deixa sombra de dúvidas
de um homem notável

a maturidade assombrosa
encanta cada vez mais
assume sempre os erros
como ensinaram seus pais

tenho por ti, meu amor
um sentimento sincero
e eu sei que é recíproco
ou assim eu espero

de hoje em diante
vou te pedir um favor
apenas não duvide
do que eu chamo de Amor

desacato à autoridade

as palavras estão presas neste papel
e por mais que possam se soltar
numa forma idêntica,
aqui estão.
e ainda que daqui saiam,
aqui já estiveram,
portanto, aqui estarão.

na ponta desse lápis
que se doa
se desfaz
se autodestrói
para fazer
me fazer
e refazer
aquilo que não consigo dizer.

a dormência me entrega

a dormência me entrega.
me entrego à dormência.
a dormência de meus dedos
escrevendo sem parar
palavras sem pensar.

a dormência de minhas pernas
dobradas há muito
numa posição que não é confortável o bastante
nem importante o suficiente
a ponto de querer mudá-la.

a dormência de meus olhos
que, num piscar imperceptível,
não cedem ao cansaço
mesmo ligados neste papel,
servindo de elo entre o mesmo
e o mundo aqui fora.

a dormência
de uma dor no coração.
a dormência
de uma dor na mente
que não mente
da dor que se sente.

a dor me entrega.
eu me entrego à dor.

segunda-feira, 18 de abril de 2011

O pássaro na árvore

Olhei pela janela e vi
o passáro
na árvore.

Saí pisei pulei molhei
e quando voltei o
pássaro ainda estava
na árvore.

Dormi, acordei, e me acostumei com
o pássaro
na árvore.

Todo dia de manhã
o pássaro cantava
na árvore.

Todo dia à tarde
o pássaro pousava de galho em galho
na árvore.

Todo dia à noite
o pássaro voltava para o galho inicial
na árvore.

Um belo dia
o pássaro não estava mais
na árvore.

Até hoje não sei porque achei que seria um belo dia.

terça-feira, 12 de abril de 2011

Não choro sozinha

janelas paredes portas pessoas
passam por mim sem se sentirem notadas
choram comigo
mostrando o desencanto deste dia
cinzento, frio e quase estático,
se não fosse pelo turbilhão de coisas
dentro da minha cabeça,
que se confunde com o turbilhão
de nada
em algum outro lugar
dentro de
mim.

Contagem

Eu não sabia como contar...
Então, resolvi fazer da maneira mais básica possível:
1, 2, 3, 4...

(31 de março de 2011)

Sem título

Será que é o fim?
Não, de fato, independente do que seja É um fim.
Mas, mais do que um fim... será que já é um começo?
Não, de fato, independente do que seja, se é um fim, É um começo.

Mas é mais fim ou mais começo?


(25 de março de 2011)

sexta-feira, 18 de março de 2011

a carta que nunca li

sua carta nunca lida
ainda está na minha gaveta
por fraqueza abro uma fresta
e vejo só a silhueta

alguma coisa muito grande
pulsa forte ali dentro
tento fingir que não ouço
mas sempre me desconcentro

suas palavras quase gritam
num gromelô inovador
mas não adentram meu ouvido
pois têm um medo a transpor.

esse medo é um apagador
de tudo aquilo que você diz
dessa forma, me ensurdece
e resta só o pó do giz.

se eu não fosse tão covarde
já saberia o que está escrito
mas receio o que vou ler
e depois não pode ser desdito.

acho que a melhor solução
é deixá-la aonde está.
então continuemos assim:
você aí e eu cá.

Mentira

minha confusão incessante
estagnou meus pensamentos
o medo de te machucar
virou o maior dos tormentos.

quero abrir mão de nós
para você não correr riscos.
parecem reticências,
mas acho que são asteriscos.

ao invés de tentar não
vou preferir não tentar.
mas não está dando certo
sinto falta do ar.

ter você e recusar
é tarefa cansativa.
prefiro não ter que optar
para não ficar na defensiva

portanto, combina-se assim,
vamos logo esclarecer:
você fica longe de mim,
doa isso o que doer.

terça-feira, 15 de março de 2011

Vivo

O que há de mais vivo do que o subjetivo?

O caminho

Se é este o caminho que você quer seguir, então não há nenhum mais certo do que ele.

Re-

Quero fazer.
Quero fazer de novo;
re-fazer.

Quero correr.
Quero correr de novo;
re-correr.
Mas a quem?

sábado, 12 de março de 2011

ó minha vida do seu lado fica mió. :)
(t.m.)

Dizer

Seu silêncio disse tudo o que suas palavras não seriam capazes de explicar.

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

(Des)homem

O homem cansou
de sentir,
de fazer,
de tocar,
de experimentar.

O homem não quer
suar,
cheirar,
ouvir
ou perceber.

O homem está preso
ao moderno,
ao industrial,
ao inorgânico,
ao artificial.

O homem gosta
da máquina,
do dinheiro,
de controlar o tempo,
de ser soberano no mundo.

Mas o homem não lembra
de sua origem,
da Natureza,
da arte,
da Paz...

Como este homem pretende
ter lembranças de sensações?
As únicas lembranças vão ser
do tempo perdido,
do dinheiro gasto,
da semente que não floresceu,
do gosto da comida artificial,
do cheiro de fumaça.

Não se lembrará
do que tocou,
do que viu além de olhar,
do cheiro da terra,
da Terra,
da borboleta que esvoaçou à sua frente,
da textura da argila,
da cor da Vida,
e há de lamentar
a vida perdida.

segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Acordei

Hoje acordei com vontade de ser um dente-de-leão.
Não aqueles pontiagudos e brancos que rasgam a carne num ato carnivoramente instintivo, ou então que se mostram num rugido de prepotência...
Quero ser um dente-de-leão e, com um suave sopro do vento, desfazer-me em incontáveis pedaços.
Meu corpo, então, sairá voando, percorrendo o espaço, a imensidão, com a invejada liberdade dos pássaros e uma outra vantagem ainda: não é necessário o bater de asas.
Apenas vou indo, vou indo
e vou indo..

domingo, 30 de janeiro de 2011

Desabafo do dia

Corpo vazio. Coração despedaçado, praticamente sumido. Quase como vidros, os olhos transparecem a dor ainda sem nome.

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Eu: Sr. Dia 30 de janeiro de 2011, por favor, será que o senhor se importaria de ser apagado e nascer novamente para que eu possa evitar as confusões em questão?

30/01/2011: Infelizmente, não posso ajudá-la da forma que pedes. Todas estas confusões pelas quais passam os seres vivos, sejam eles humanos ou não, são necessárias. O melhor que posso fazer por ti é chamar meu irmão, o Dia 31, e depois convidar o amigo Fevereiro a se fazer presente. Desta forma, irmão após irmão, amigo após amigo, as confusões se resolvem, os motivos se esclarecem, a dor some (e, havendo brecha para que o faça, volta, mas depois vai-se novamente) e a compreensão vem. Tenha calma. Ou tente pelo menos.

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Gosto de gostar

Gosto de rir com você das suas palhaçadas. Gosto de te ajudar nas suas tarefas. Gosto de ouvir suas músicas. Gosto de deitar no seu colo, aconchegando-me no conforto do seu ombro amigo. Gosto de ouvir sua risada. Gosto de te fazer cafuné. Gosto de coçar suas costas. Gosto de te proteger. Gosto de conversar com você. Gostou de ouvir sua voz. Gosto das suas gírias. Gosto do seu toque. Gosto da sua implicância. Gosto das suas brincadeiras. Gosto do seu beijo. Hm... ADOGO seu beijo!! Gosto da sua companhia. Gosto das suas habilidades. Gosto das suas mãos. Gosto dos seus pés. Gosto das suas perninhas de sabiá. Gosto das suas costas. Gosto da sua barriga. Gosto do seu narizinho torto. Gosto das suas orelhas. Gosto dos seus braços. Gosto MUITO do seu abraço. Gosto do seu cheiro. Gosto da sua pegada. Gosto do seu carinho. Gosto do seu dedo mindinho torto. Gosto das suas manias. Gosto de te ouvir cantando. Gosto da sua família. Gosto dos seus amigos. Gosto do seu cabelo. Gosto da sua bermuda listrada azul. Gosto do seu tênis furado. Gosto da sua letra. Gosto de dormir ao seu lado. Gosto de acordar ao seu lado. Gosto de te ligar. Gosto quando você me liga. Gosto de fazer Reiki com você. Gosto de meditar ao seu lado. Gosto de ver filme com você. Gosto de gostar tanto de você.
Gosto de você. Gosto muito de você. Adoro você. Eu te amo!